quarta-feira, 30 de novembro de 2011

PT de hoje proibe o que o PT de ontem amava - liberdade de imprensa


O PT anda um pouquinho, recua um pouquinho, disfarça e volta a um assunto que lhe é especialmente caro: o poder do Estado de estabelecer algum tipo de controle sobre a imprensa.

Sexta-feira passada aconteceu mais uma reunião para o partido discutir a questão que tenta introduzir na agenda do País desde o início do primeiro mandato de Lula.

De lá para cá a abordagem do tema foi sendo adaptada, a fim de driblar resistências.

Hoje esse debate acontece sob a justificativa de que é necessário estabelecer "um novo marco regulatório para a mídia", mas em 2004 a mesma proposta foi apresentada ao País com sinceridade e nitidez.
Era preciso, na visão do partido que chegava ao poder, criar um órgão - o Conselho Federal de Jornalismo - para "orientar, disciplinar e fiscalizar" o trabalho dos meios de comunicação.

Na época, o PT ainda era estreante nas lides governamentais, não havia se iniciado com afinco na produção de escândalos em série e estava acostumado a ser paparicado por quase toda a grande imprensa da qual reclama, mas que até o caso Waldomiro Diniz dava ao partido e ao presidente Lula uma cobertura extremamente favorável.

Ao "presidente operário" tudo era permitido. Inclusive renegar o próprio discurso sem ser confrontado com rigor diante da contradição-mãe de chamar de herança maldita o legado do antecessor e, ao mesmo tempo, tirar dela o melhor proveito.

A partir dos tropeços do governo é que o cenário mudou. Mas não mudou no partido a ideia de exercer domínio sobre a grande imprensa, o único setor que lhe foge completamente ao controle. E é isso o que incomoda.

Por mais disfarçados que sejam os argumentos. Em artigo no jornal O Globo de ontem, o presidente do PT, Rui Falcão, lista alguns pontos que seriam alcançados pelo "marco regulatório".

(Dora Kramer, O Estado de S.Paulo)
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