Com o fim da jazida devido exploração do garimpo, as pessoas que se dedicavam à exploração ficaram ociosas. Algumas retornaram para sua terra natal e muitas outras, vendo que a região era próspera, passaram a buscar outros meios alternativos que lhes permitissem fixar e sobreviver na região. A principal atividade a que se dedicaram foi à coleta de produtos nativos, fartamente existentes na área, principalmente a Castanha-do-Pará. Outras se dedicaram ao plantio de culturas que lhes garantissem a subsistência.
Efetivamente e historicamente, a ocupação da região teve início no ano de 1953, quando João Rego Maranhão construiu um barracão próximo à foz do rio Xambioá, na margem esquerda do rio Araguaia, para compra de castanha e produtos de subsistência (sobressaindo-se aí o arroz) coletados ou produzidos pelos pequenos agricultores/coletores residentes nos castanhais, que desciam dos afluentes do Araguaia e do Xambioá com objetivo de comercializarem seus produtos em Marabá. Com o passar do tempo, muitas famílias de castanheiros e agricultores foram construindo suas casas nas proximidades do barracão de João Rego Maranhão, formando um vilarejo.
Dona Leocádia, esposa de João Rego, não conseguindo engravidar, fez uma promessa que se tivesse um filho colocaria o nome de Geraldo, homenageando um Santo italiano(São Geraldo Magela). Dona Leocádia teve o filho e chamou-o de Geraldo, como havia prometido.
Com a morte do único filho do comerciante, as pessoas, que moravam ao redor e nas proximidades do barracão, construíram uma capela e a dedicaram a São Geraldo, em homenagem ao filho falecido que tinha esse nome.
Da combinação do santo, do nome do filho do casal e o fato de morarem às margens do Rio Araguaia, resultou o nome do nosso município: São Geraldo do Araguaia.
A área, que naquela época estava localizada São Geraldo do Araguaia, fazia parte do município de Conceição do Araguaia sendo, portanto, região subordinada e integrante politicamente de Conceição do Araguaia e eram terras habitadas por quem não possuía título de posse das mesmas.
No final da década de 60, começaram a surgir nessa região conflitos pela posse da terra, reflexo da política desenvolvimentista levada a efeito pela SUDAM (Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia). Um fato ocorrido entre 1968 e 1975, veio acirrar os conflitos já existentes por aqui, provocando uma violenta repressão do governo federal, com graves conseqüências para os moradores de São Geraldo do Araguaia (cujos moradores mais antigos lembram com tristeza de todos os acontecimentos aqui ocorridos) e com grande repercussão histórica e política para o país: a Guerrilha do Araguaia.
Com intuito de acabar com os conflitos de terras aqui existentes naquela época, O coronel Alacid Nunes, quando eleito governador do estado em 1979 e com expressiva votação em nossa região, adquiriu outras terras de castanhais em Conceição do Araguaia e as doou em troca das já aqui ocupadas por nossos antigos moradores, que desenvolveram nesta área o povoado que hoje faz parte da nossa cidade.
No início da década de 80, ocorreu aqui uma grande enchente e a área então povoada ficou submersa, comprovando que não era propícia para ser habitada.
O então prefeito de Conceição do Araguaia, Giovanni Queiroz, utilizando dinheiro da união adquiriu terras próximas ao povoado e na parte alta, para livrar os moradores de enchente, e as loteou entre os moradores, formando a vila de São Geraldo do Araguaia, que mais tarde viria a se transformar na sede do nosso município.
Três fatores contribuíram muito para que o povoado, que hoje é São Geraldo do Araguaia, rapidamente alcançasse desenvolvimento: 1º) A criação do GETAT (Grupo Executivo de Terras de Araguaia-Tocantins), com objetivo de tentar resolver os conflitos fundiários. 2º) A ação do exército com abertura de estradas. 3º) O assentamento de posseiros ou colonos, contribuindo com a nossa povoação.
Os moradores logo perceberam a vocação que o povoado tinha para a pecuária e logo abandonaram as áreas dos castanhais e vieram se concentrar em pequenas áreas ou vilas, dando origem às inúmeras regiões que hoje compõem nosso município.
O nosso crescente desenvolvimento e as riquezas aqui existentes permitiam-nos caminhar com nossos próprios passos e esta realidade levou nossa população a pleitear nossa emancipação política e o conseqüente desmembramento de Xinguara ( éramos então, na oportunidade, povoado de Xinguara).
A sociedade organizada, associações e sindicatos, cidadãos e cidadãs amantes desta terrinha passaram então a fazer abaixo-assinados e a enviarem a políticos e ao governo do estado solicitando nossa emancipação.
Foi realizado um plebiscito e nossa emancipação não teve a aprovação necessária, isto porque pessoas mal intencionadas, donas do poder e que queriam continuar usufruindo de nossa renda, orientaram nossa população humilde de forma errada, fazendo-as trocarem o sim pelo não.
Historicamente e administrativamente, antes de chegarmos à condição de município, nossa região foi reconhecida inicialmente com a denominação de distrito de São Geraldo do Araguaia, pela lei estadual nº 2460, de 29/12/1961, subordinada ao município de Conceição do Araguaia. Pela lei estadual nº 5028 de 13/05/1982, o distrito de São Geraldo do Araguaia passou a denominar-se simplismente São Geraldo e a pertencer ao município recém criado: Xinguara.
Em 10 de maio de 1988, atendendo a pedido de inúmeras pessoas, O governador do Estado Dr. Hélio da Mota Gueiros cria o município de São Geraldo do Araguaia mediante a Lei Nº 5.441, desmembrando-o do município de Xinguara. Tornamos-nos, então, independentes politicamente e geograficamente.
A instalação oficial ocorreu no dia 1º de janeiro de 1989, quando tomaram posse o prefeito Raimundo Silveira Lima, o vice-prefeito José Pereira da Costa e os vereadores eleitos no pleito de 03 de outubro de 1988.
Nossas principais localidades, em termos de contingente populacional, são: Novo Paraíso, Fortaleza, Dois Irmãos, Vila Nova, Santa Cruz e Sucupira.
10 de maio é o dia que comemoramos o aniversário de São Geraldo do Araguaia.
São Geraldo do Araguaia e a Guerrilha do Araguaia
Guerra realizada e idealizada “na surdina”.
Calada pelas mordaças da censura durante o período do regime militar(ditadura militar), mas até hoje profundamente marcada e enraizada no coração dos moradores da nossa região
De abril de 1972 a janeiro de 1975, São Geraldo do Araguaia foi palco de uma guerrilha - Guerrilha do Araguaia - entre revolucionários e o regime militar, implantado no país pela revolução de 1964. A comunidade sãogeraldense, que não tinha nada com isso, se viu envolvida numa teia de morte, opressão, tristeza e destruição.
No período em que ocorreu o movimento, a população brasileira não tomou conhecimento da sua existência, pois o governo militar proibiu qualquer tipo de divulgação, temendo que o levante realizado servisse de exemplo e que outros focos de rebeldia contra o regime militar surgissem em todo o Brasil.
Essa guerra, jamais admitida pelos governos militares ditatoriais, foi uma grandiosíssima operação militar desenvolvida e planejada sigilosamente pelas forças armadas: Exército, Marinha e Aeronáutica e mobilizou, no auge do conflito, cerca de 3.200 militares e 12 aviões, incluindo 4 caças de combate T-6, para lutar contra os guerrilheiros do PC do B (Partido Comunista do Brasil), uma dissidência armada do Partido Cumunista Brasileiro(PCB), tinha, entre eles o ex-presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), José Genoíno, o engenheiro e campeão de boxe Osvaldo Orlando da Costa - Osvaldão, o ex-deputado federal Maurício Grabois, João Amazonas, o líder máximo do Partido.
O movimento foi organizado pelo PC do B, uma dissidência armada do Partido Comunista Brasileiro (PCB), entre 1966 e 1974. Por meio de uma guerra popular prolongada, seus integrantes pretendiam implantar, estima-se, o comunismo no Brasil, à semelhança do que ocorrera na China (1949) e em Cuba (1959).
Os moradores do local, que nem sabiam o que era regime militar, perseguição política, democracia ou comunismo, sofreram todos os tipos de perdas que estão intrínsecos numa guerra. Hoje se fecham no silêncio.
Com o término da guerrilha, o governo rebatizou a Serra dos Martírios como Serra das Andorinhas, para não associar o nome de tão belo lugar ao triste acontecimento que foi a Guerrilha do Araguaia.