sábado, 3 de agosto de 2013

A culpa é do "poste" ou da " herança maldita"?

 Em busca de culpados
O PT anda alvoroçado com as dificuldades da economia e a queda de popularidade da presidente Dilma Rousseff. 
Teme que o projeto de poder do partido esteja prestes a descarrilar e que os acontecimentos dos últimos dois meses sejam só o início, em câmara lenta, de um acidente ferroviário de grandes proporções. E está em busca de culpados.

A quem culpar pelo possível malogro de um projeto de poder que, até há pouco tempo, parecia tão promissor?

A dedução fácil, com livre trânsito no PT, é a que a culpa é do governo Dilma. A narrativa um tanto superficial é que tudo vinha excepcionalmente bem até 2010, quando o PIB chegou a crescer nada menos que 7,5%. A partir daí, as coisas começaram a desandar.

O novo governo acabou metendo os pés pelas mãos e não conseguiu manter o dinamismo da economia. O PIB cresceu apenas 2,7% em 2011 e míseros 0,9% em 2012. E, em 2013, talvez não cresça o suficiente para que a taxa média anual de crescimento do triênio 2011-2013 chegue a 2%.

Essa narrativa omite parte importante da história. Para começar, ao se permitir entrar na curva do ano eleitoral de 2010 com o PIB crescendo à irresponsável taxa de 7,5% ao ano, Lula legou um problema de estabilização espinhoso à sucessora. Problema que seria agravado, é verdade, pela fantasia do novo governo sobre a desaceleração do crescimento que se fazia necessária.

 O que se anunciava no início de 2011 é que a economia passaria a manter uma expansão “mais moderada” da ordem de 5 ou 6% ao ano.

Levaria algum tempo para que o novo governo percebesse que a economia estava restrita pela expansão da oferta. Mas é importante ter em conta que boa parte das dificuldades enfrentadas pelo governo Dilma, para deslanchar investimentos e tentar remover restrições ao crescimento pelo lado da oferta, decorreram de heranças do governo anterior.
 - Rogério Furquim Werneck -

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