Em busca de culpados
O PT anda alvoroçado com as
dificuldades da economia e a queda de popularidade da presidente Dilma
Rousseff.
Teme que o projeto de poder do partido esteja prestes a descarrilar e
que os acontecimentos dos últimos dois meses sejam só o início, em câmara lenta,
de um acidente ferroviário de grandes proporções. E está em busca de culpados.
A quem culpar pelo possível malogro de um projeto de
poder que, até há pouco tempo, parecia tão promissor?
A dedução fácil, com livre trânsito no PT, é a que a
culpa é do governo Dilma. A narrativa um tanto superficial é que tudo vinha
excepcionalmente bem até 2010, quando o PIB chegou a crescer nada menos que
7,5%. A partir daí, as coisas começaram a desandar.
O novo governo acabou metendo os pés pelas mãos e não
conseguiu manter o dinamismo da economia. O PIB cresceu apenas 2,7% em 2011 e
míseros 0,9% em 2012. E, em 2013, talvez não cresça o suficiente para que a
taxa média anual de crescimento do triênio 2011-2013 chegue a 2%.
Essa narrativa omite parte importante da história. Para
começar, ao se permitir entrar na curva do ano eleitoral de 2010 com o PIB
crescendo à irresponsável taxa de 7,5% ao ano, Lula legou um problema de
estabilização espinhoso à sucessora. Problema que seria agravado, é verdade,
pela fantasia do novo governo sobre a desaceleração do crescimento que se fazia
necessária.
O que se anunciava no início de 2011 é que a economia passaria a
manter uma expansão “mais moderada” da ordem de 5 ou 6% ao ano.
Levaria algum tempo para que o novo governo percebesse
que a economia estava restrita pela expansão da oferta. Mas é importante ter em
conta que boa parte das dificuldades enfrentadas pelo governo Dilma, para
deslanchar investimentos e tentar remover restrições ao crescimento pelo lado
da oferta, decorreram de heranças do governo anterior.
- Rogério Furquim Werneck -
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