Autor do livro Memórias de Uma Guerra Suja,
o ex-delegado Cláudio Guerra, que foi diretor do DOPS do Espírito Santo,
denunciou aos jornalistas Marcelo Netto e Rogério Medeiros uma tentativa de assassinato.
Guerra falou aos dois jornalistas durante três anos no depoimento publicado em
livro este mês pela editora Topbooks.
Três homens rondaram a casa de
repouso onde Cláudio Guerra vive escondido, no interior do Estado, sob
responsabilidade da Vara de Execuções Criminais de Vila Velha (ES) e agora sob
proteção da Polícia Federal.
A tentativa frustrada de morte aconteceu sete
horas antes da instalação, em Brasília, da Comissão Nacional da Verdade, em
solenidade presidida por Dilma Rousseff e com a presença de quatro
ex-presidentes da República – José Sarney, Fernando Collor, Fernando Henrique
Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva.
O ex-delegado Cláudio Guerra já se
ofereceu para falar à Comissão da Verdade sobre a morte de quase uma centena de
opositores da ditadura na década de 1970, além de revelar detalhes inéditos
sobre a execução encomendada do ex-delegado Sérgio Fleury, o atentado do
Riocentro e a queima dos corpos de torturados em fornos de usinas de açúcar.
“Eu vou pocar”, dizia um dos três homens que cercaram o seu alojamento. Na
gíria policial, pocar é atirar. Policial experiente, Guerra imaginou estar
sendo atraído para uma emboscada, fora do quarto. Ficou lá dentro e ligou para
o número da polícia, o 190, mas os policiais não encontraram mais ninguém, meia
hora após o chamado. Ficaram apenas as marcas dos sapatos embarrados no
peitoral da varanda, onde os peritos agora ainda buscam digitais.
Da Coluna do Cláudio Gumberto
----------------------------
-------------------
-----------
Nenhum comentário:
Postar um comentário