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O edital do Enem 2011, publicado na edição desta segunda-feira no Diário Oficial da União, prevê que o candidato deve, “antes de iniciar a prova, verificar se seu caderno de questões contém algum defeito gráfico que impossibilite a resposta às questões”. Azar de quem não notar uma eventual falha: vai perder pontos na correção da prova. Por si só, o trecho já é explícito o suficiente sobre sua intenção. Acrescente-se, contudo, outra informação: ele não fazia parte do edital do Enem 2010. Ou seja, o acréscimo foi claramente motivado pelo problema ocorrido na última edição do exame e pretende garantir ao Inep uma espécie de “permissão para errar”, uma salvaguarda ao instituto que, responsável pela elaboração da avaliação, deveria garantir sua qualidade - o que inclui entregar ao aluno um exame digno de confiança.
“É natural que o examinador peça que o estudante confira seus dados pessoais, impressos na prova, ou oriente-o a checar se o cartão de respostas coincide com a prova recebida. Mas exigir que ele confira a qualidade gráfica da prova e o responsabilize por eventuais falhas que ele deixe de notar é lamentável”
Este edital idiota do ENEM, resumindo em outras palavras é o mesmo que, imagine:
Antes de entrar em um brinquedo num parque de diversões, faça uma inspeção no equipamento: se despencar a cadeira da roda gigante, se o assento do Chapéu Mexicano lançá-lo para a tonga da mironga do kabuletê, se a montanha russa enviá-lo para a Sibéria que o pariu, problema seu! Quem mandou não tomar cuidado, não verificar se havia parafuso solto, se não existia risco de curto-circuito no painel? Vai a um restaurante? Verifique antes se os ingredientes estão frescos, se as normas de higiene são seguidas, se a renovação da carga do extintor de incêndio está no prazo…
E aí? O estudante que vai se submeter à prova terá a obrigação de fazer o trabalho que o MEC, então, se mostra incapaz de fazer. Nunca vi nada parecido. Aliás, acredito que ninguém tenha visto.
Cadê o Ministério Público? A exigência é estupidamente ilegal! Haddad está pedindo a estudantes, a maioria menor de idade, que abram conscientemente mão do direito de recorrer à Justiça caso sejam lesados pela incúria do poder público.
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