Chama-se ETA Bebidas do Nordeste uma das empresas às quais Fernando Pimentel diz ter prestado consultoria antes de virar ministro de Dilma Rousseff.
Dos R$ 2 milhões amealhados por Pimentel em dois anos, a ETA responderia por R$ 130 mil. O ministro alega ter feito um "estudo de mercado para a empresa.”
Nessa versão, a cifra foi à caixa registradora P-21 Consultoria, a firma de Pimentel, em duas parcelas. Ambas em 2009: R$ 70 mil em maio; R$ 60 mil em julho.
Os repórteres Thiago Herdy, Fabio Fabrini, Leticia Lins e Cassio Bruno foram ouvir os sócios da ETA.
Deu-se o
inusitado: eles negam ter feito pagamentos a Pimentel.
Ouça-se Roberto Ribeiro Dias, um dos donos da ETA no ano de 2009:
“Ih, rapaz, esse negócio é muito estranho. É valor muito alto para o trabalho que a gente tinha. Tem alguma escusa, tentaram esconder alguma coisa.”
A ETA está sediada na cidade pernambucana de Paulista, na região metropolitana de Recife. Produz um refresco de guaraná batizado de Guaraeta.
Roberto Ribeiro acrescentou:
“Esses valores não são compatíveis para o nosso negócio. O que a gente fazia de vez em quando era contrato de R$ 10 mil, R$ 15 mil…”
“…Para meninas fazerem propaganda em jogo do Sport com o Santa Cruz. A gente não tinha condições de fazer nada muito diferente disso.”
Outro sócio da empresa de bebidas, Eduardo Luis Bueno, reagiu assim ao ser inquirido sobre a consultoria do ministro: “P-21? Fernando Pimentel?”
Informado sobre o valor que Pimentel diz ter recebido da Eta (R$ 130 mil), Eduardo foi sucinto: “Difícil”.
Alcançado pelo telefone, um terceiro integrante do quadro societário da ETA na epoca, Adriano Magalhães da Silva, disse:
“Olha, não sei de nada disso, quem respondia pelas ações da empresa era o administrador, o Leonardo. Só ele pode responder sobre essa história.”
Adriano Silva forneceu o número do telefone de Leonardo. Ouvido, o administrador mostrou-se supreso:
“Não sei disso, mas foi o Adriano que pediu para você me ligar? Vou ver com ele essa história e te ligo em seguida”.
Não ligou nem atendeu mais às ligações.
No início de 2011, a estrutura da ETA foi adquirida por Ricardo Pontes. Procurado, disse que os antigos donos jamais mencionaram a consultoria de Pimentel.
“Eles pretendiam vender chá aqui, mas o negócio não deu certo e eu não fiquei com a empresa deles, que é outra figura jurídica. Só posso responder pela minha parte.”
Os serviços de Pimentel, se prestados, não produziram resultados. Hoje, a empresa está inoperante.
Ricardo Pontes planeja usar a estrutura da ETA para fabricar sucos de frutas.
Por meio de uma nota da assessoria, Pimentel confirmou ter recebido os pagamentos da ETA. Desmentido pelos sócios, foi procurado novamente. Não disse palavra.
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