Vaticano tem problemas fiscais e rombo
somou US$ 18,4 milhões em 2011
Gasto com
pessoal é o mais significativo, em 2011 somava 2.832 pessoas, diz documento
Uma das principais causas da crise financeira europeia é
o tamanho do Estado. Nos últimos anos, vários países da região gastaram mais
que do que entrou nos cofres públicos e a saúde financeira foi ladeira abaixo.
Ao oeste do Rio Tibre, localizado no centro de Roma, a cidade-estado do
Vaticano sofre com mesmo problema da Itália, Grécia e Espanha. Ou seja, as
contas papais estão no vermelho.
Soberano da Itália desde 1929, o Vaticano amargou
recentemente um dos piores anos de sua história em termos fiscais. Balanço aprovado
pelo Conselho de Cardeais em julho do ano passado mostra que a cidade-estado
amargou um déficit de US$ 18,4 milhões em 2011. Em 2010, após esforço para
melhorar as contas, a Santa Sé havia registrado um auspicioso superávit de US$
9,9 milhões.
O balanço aprovado pelo conselho dos cardeais não esconde
a causa do rombo. "O item mais significativo nos gastos foi o relativo ao
pessoal, que em 31 de dezembro somava 2.832 pessoas. Gastos com comunicação
também devem ser considerados", diz o documento que apresentou o balanço
de 2011. Apesar de ter o 7º menor mercado de trabalho do mundo, a cidade-estado
tem um índice elevado de trabalhadores por habitante: são 3,5 empregados para
cada um dos 800 moradores da Santa Sé.
Ou seja, os servidores do Vaticano representam 354% da
população. Segundo a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OCDE), o porcentual dos servidores públicos sobre a população no Brasil é
cerca de 12% e, na média dos países da OCDE, o porcentual é de 22%.
Além de reconhecer que o tamanho da máquina afetou as
contas públicas de 2011, o documento do Vaticano reconhece que a crise global
também derrubou o fôlego financeiro. "O resultado foi afetado pela
tendência negativa dos mercados financeiros globais, o que tornou impossível
alcançar as metas estabelecidas no Orçamento", dizem os cardeais.
Bilheteria
A principal receita do Vaticano vem da cobrança de
ingressos para a entrada em alguns dos belos edifícios ao redor da Praça de São
Pedro. A receita com a bilheteria alcançou US$ 112,7 milhões em 2011, valor
10,8% maior que o visto um ano antes. Segundo a Igreja, foram mais de 5 milhões
de visitantes naquele ano.
Apesar de mais turistas terem passado por lá, as doações
não cresceram tanto. O dinheiro dado pelos fiéis diretamente ao Vaticano somou
US$ 69,7 milhões em 2011, em alta de 3,1% - ritmo de crescimento de menos de um
terço da bilheteria.
Com as doações em baixa, o Vaticano pediu apoio às demais
áreas da Igreja mundo a fora. Segundo o balanço, o "apoio econômico
oferecido por circunscrições eclesiásticas de todo o mundo para manter o
serviço da Cúria Romana" somou US$ 32,1 milhões em 2011, 17,5% mais que um
ano antes.
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